27/03/2024

Temporada do pinhão começa dia 1º de abril no Paraná

Pinhão volta às mesas dos paranaenses com normas rígidas para preservação e consumo seguro

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A partir da próxima semana, os paranaenses poderão saborear novamente o pinhão, uma das mais emblemáticas iguarias do estado. Seguindo a orientação do Instituto Água e Terra (IAT), a colheita, armazenamento e comercialização da semente estarão liberados a partir da próxima segunda-feira (1º). No entanto, é crucial que o pinhão tenha atingido o período completo de maturação, não apenas para garantir a saúde dos consumidores, mas também para auxiliar na preservação da espécie. O desrespeito a essa medida pode acarretar multas que variam de acordo com a quantidade apreendida, além da responsabilização por crime ambiental.

 

A safra, que se estende até junho, é regulamentada pelas normas estabelecidas na Portaria IAP nº 046/2015, visando conciliar a geração de renda com a proteção da reprodução da araucária, árvore ameaçada de extinção. Quando o pinhão cai ao chão, torna-se uma oportunidade para animais como a cutia contribuírem para a dispersão da planta, garantindo sua reprodução.

Lauren Soares Silva, engenheira florestal do escritório regional do IAT em Guarapuava, destaca a importância de respeitar o período de maturação do pinhão para permitir que a fauna participe do ciclo de reprodução da araucária. Além disso, enfatiza a possibilidade de denúncia de qualquer irregularidade aos órgãos ambientais fiscalizadores, como o IAT.

 

No que se refere ao consumo, é vital observar que pinhões imaturos apresentam características prejudiciais à saúde, como casca esbranquiçada e alto teor de umidade, favorecendo a presença de fungos. O consumo desses pinhões pode acarretar problemas como má digestão, náuseas e constipação intestinal.

Outra questão importante é que a venda de pinhões provenientes de outros estados não é permitida. Lauren reforça a necessidade de denúncia por parte da população para garantir a preservação dessa árvore tão relevante, que enfrenta risco de extinção.

A fiscalização é realizada pelos agentes do IAT e pelo Batalhão de Polícia Ambiental – Força Verde (BPAmb-FV). Em caso de irregularidades, é instaurado um processo para lavratura do auto de infração ambiental. Denúncias podem ser encaminhadas à Ouvidoria do IAT ou aos escritórios regionais do órgão, bem como à Polícia Ambiental.

Impacto econômico e regionalidade

O pinhão não é apenas uma iguaria tradicional, mas também desempenha um papel significativo na economia do Paraná. Em 2022, movimentou cerca de R$ 20,8 milhões, conforme dados do Valor Bruto de Produção (VBP) do Departamento de Economia Rural (Deral), ligado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

A produção naquele ano atingiu 4,1 mil toneladas, conforme a Pesquisa de Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mais da metade dessa safra concentrou-se nos municípios da região Centro-Sul do estado, com destaque para Inácio Martins, Pinhão e Turvo como os maiores produtores.

 

Além do Centro-Sul, as regiões Central, Sul e Sudoeste também se destacam na produção de pinhão. No entanto, devido à natureza extrativista do produto, não há previsão exata do volume que será colhido a cada ano.

O retorno do pinhão às mesas paranaenses não só satisfaz os paladares locais, mas também impulsiona a economia regional, reforçando a importância de uma abordagem responsável e sustentável para garantir a preservação dessa espécie tão característica do estado